Retrofit alia sustentabilidade, eficiência e preservação histórica – Revista do Frio

Com a crescente demanda por soluções sustentáveis e a necessidade de revitalizar o estoque imobiliário existente, o retrofit se posiciona como uma das principais tendências de mercado nos próximos anos O termo “retrofit”, derivado da fusão das palavras “retro” do latim e “fit” do inglês, refere-se a uma modificação    de um equipamento, instalação ou […]

Retrofit alia sustentabilidade, eficiência e preservação histórica – Revista do Frio


Com a crescente demanda por soluções sustentáveis e a necessidade de revitalizar o estoque imobiliário existente, o retrofit se posiciona como uma das principais tendências de mercado nos próximos anos

O termo “retrofit”, derivado da fusão das palavras “retro” do latim e “fit” do inglês, refere-se a uma modificação    de um equipamento, instalação ou edificação existente, visando à melhoria de seu desempenho e operação. Essa prática visa modernizar equipamentos e atender às atuais exigências de qualidade ambiental, mediante modificações que buscam exclusivamente aprimorar a eficiência.  Os retrofits, focados na modernização de edifícios já existentes, desempenham um papel importante nas estratégias de redução do consumo energético. Em casos específicos, essas intervenções podem resultar em reduções expressivas no consumo de energia destinada ao sistema de HVAC-R dos edifícios.

De acordo com Gutemberg Rios, Engenheiro Mecânico e Conselheiro Federal do CREA-CONFEA, estudos de retrofit indicam que as economias podem variar de 20% a 50% no consumo de energia dependendo das soluções adotadas, como chillers de alta eficiência que podem gerar economia de 30% a 40% no consumo de eletricidade, sistemas VRF que reduzem os gastos com climatização em até 35%, e automação predial, reduzindo desperdícios energéticos em até 50%.

“O retrofit de sistemas HVAC-R consiste na modernização ou substituição parcial/completa de equipamentos e infraestrutura de climatização e refrigeração em edificações existentes. O objetivo principal é aumentar a eficiência energética, melhorar o conforto térmico, reduzir custos operacionais e atender às normas ambientais e de segurança atuais. Essa economia não apenas contribui para a sustentabilidade ambiental, alinhando-se a padrões mais eficientes, mas também promove uma gestão mais racional dos recursos. As intervenções envolvem a substituição dos fluidos refrigerantes e a modernização do sistema com a instalação de tecnologias inovadoras, trazendo uma série de benefícios ambientais e econômicos, como o conforto térmico, iluminação, controle de ruído e redução de poluentes”, observa Rios.

Assim, o retrofit pode envolver a renovação de sistemas elétricos, hidráulicos, de climatização, isolamento acústico e térmico, além de modernizações em fachadas, elevadores e áreas comuns.

Gutemberg Rios, Engenheiro Mecânico e Conselheiro Federal do CREA-CONFEA

Desafios e soluções

A instalação de sistemas de HVAC-R modernos em edifícios antigos enfrenta desafios como: Infraestrutura inadequada – Muitos prédios antigos não foram projetados para suportar sistemas modernos de climatização; Restrições arquitetônicas e patrimoniais – Em edificações tombadas, há limitações na instalação de dutos, condensadores e sistemas de ventilação; Espaço limitado para equipamentos – Falta de shaft técnico e áreas apropriadas para componentes de grande porte; Capacidade elétrica insuficiente – Sistemas HVAC-R modernos demandam ajustes na rede elétrica, muitas vezes subdimensionada em edifícios antigos; Interferência na operação do prédio – Durante a instalação, pode haver impacto nas atividades normais do local, exigindo planejamento cuidadoso.

“De modo geral cada solução precisa ser estudada e adaptada às condições de operação locais, a rigor, não é possível estabelecer uma solução única e universal a todas as plantas e demandas, logo, um estudo inicial com análise de requisitos deve ser conduzido de forma prévia ao estabelecimento de uma solução viável e otimizada”, comenta Rios.

Ele aponta algumas soluções mais disseminadas, as quais incluem:

– Uso de sistemas HVAC-R compactos e modulares – Equipamentos VRF (Fluxo de Refrigerante Variável) e unidades rooftop são boas alternativas para espaços reduzidos.

– Aplicação de dutos flexíveis ou unidades sem dutos (Ductless Systems) – Evitam grandes intervenções estruturais.

– Integração de automação predial (BMS – Building Management Systems) – Garante controle inteligente e reduz consumo energético.

– Uso de refrigerantes ecológicos – Modernização com fluidos de menor impacto ambiental e maior eficiência energética.

– Planejamento estratégico de instalação – Execução do retrofit por etapas para minimizar impactos na operação do edifício.

“A escolha dos equipamentos tem impacto direto nos custos operacionais e no consumo energético do edifício. Optar por sistemas com tecnologia inverter, sensores de ocupação e controle automatizado pode gerar redução de até 40% no consumo de energia, segundo estudos da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), maior vida útil do sistema, reduzindo custos com manutenção corretiva, e melhoria no desempenho térmico e conforto dos ocupantes”.

Banco Interamericano de Desenvolvimento ganhou sistema de condensação a ar e parte dos ambientes é climatizada através de VRF

Rios cita como exemplo algumas obras como o Edifício Banco do Brasil (SP), que passou por uma modernização optando por instalar sistema VRF, automação predial e uso de chillers de alta eficiência; o Aeroporto de Brasília (DF), com a atualização de chillers e implementação de controle inteligente de climatização; e o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento (DF), onde a Central de Água Gelada teve substituição de chillers, ganhando sistema de condensação a ar e parte dos ambientes é climatizada através de VRF.

Outro exemplo de sucesso é o Edifício Martinelli (SP), um dos prédios mais icônicos de São Paulo, que passou por um processo de retrofit incluindo a modernização de suas instalações, mantendo a arquitetura histórica que o caracteriza.

Edifício Martinelli passou por um processo de retrofit incluindo a modernização de suas instalações, mantendo a arquitetura histórica

Integração das áreas

A colaboração entre engenheiros de HVAC-R, arquitetos e profissionais de restauração desempenha um papel importante no sucesso de um projeto de retrofit.

“A sinergia entre essas disciplinas envolvendo engenheiros de HVAC-R, arquitetos e profissionais de restauração, desde a fase inicial de planejamento até a execução, é essencial para garantir que o projeto de retrofit seja bem-sucedido, atendendo tanto às necessidades técnicas quanto estéticas do espaço renovado”, revela Rios.

Para isso é fundamental respeitar a identidade arquitetônica do edifício enquanto se implementam soluções modernas de climatização, garantir soluções técnicas viáveis, considerando limitações estruturais e de espaço, evitar impactos negativos no patrimônio histórico por meio de alternativas não invasivas, e otimizar os custos e prazos do projeto, garantindo compatibilidade entre sistemas elétricos, hidráulicos e de climatização.

No entanto, dificuldades surgem na colaboração entre diferentes áreas como divergências entre preservação estética e necessidade técnica – Arquitetos e restauradores podem resistir a mudanças que impactem a estrutura original; Compatibilização entre diferentes sistemas – Integração entre climatização, elétrica e estrutura pode ser complexa; e falta de normativas específicas – Nem sempre há regulamentação clara para retrofit de HVAC-R em edifícios históricos.

“Para mitigar esses desafios, é essencial que haja planejamento multidisciplinar desde a fase inicial do projeto. Os arquitetos focam na estética e funcionalidade do espaço, enquanto os engenheiros de HVAC-R garantem que os sistemas de climatização sejam eficientes e atendam às necessidades técnicas. A colaboração desde o início assegura que as soluções técnicas se integrem harmoniosamente ao design geral do espaço restaurado”, diz o Engenheiro.

Ele acrescenta ainda que engenheiros de HVAC-R podem oferecer análises sobre o melhor layout para sistemas de ventilação, refrigeração e aquecimento, considerando a estrutura existente e necessidades de energia, e propor soluções que melhorem a eficiência energética do edifício através de sistemas mais modernos e sustentáveis. Essas soluções não apenas reduzem os custos operacionais a longo prazo, mas também contribuem para a sustentabilidade ambiental do projeto. Isso permite um uso eficiente do espaço, otimizando tanto a funcionalidade quanto a estética.

“Profissionais de HVAC-R estão familiarizados com as normas técnicas e regulamentações que regem sistemas de climatização e refrigeração. A colaboração com arquitetos e restauradores garante que o projeto esteja em conformidade com todas as normas relevantes desde o início, evitando retrabalhos e atraso. Essa sinergia também permite considerar aspectos de manutenção e operação dos sistemas de HVAC-R após a conclusão do retrofit. Isso inclui acesso facilitado para manutenções periódicas e substituições de equipamentos, garantindo a durabilidade e eficiência contínua do sistema”, comenta.

Oportunidades de investimento

O retrofit é uma grande oportunidade para investidores imobiliários, especialmente em grandes cidades. Prédios antigos, muitas vezes subvalorizados, podem ser transformados em imóveis altamente competitivos e lucrativos com a modernização correta e mais econômico do que adquirir um imóvel novo em áreas valorizadas. Além disso, a valorização após o retrofit pode gerar um excelente retorno financeiro. Assim, representa uma solução moderna que alia sustentabilidade, eficiência e preservação histórica. Para compradores, investidores e desenvolvedores imobiliários, essa prática oferece uma forma de manter o charme dos imóveis antigos, ao mesmo tempo em que atende às exigências do mercado.

Com a crescente demanda por soluções sustentáveis e a necessidade de revitalizar o estoque imobiliário existente, o retrofit se posiciona como uma das principais tendências de mercado nos próximos anos.





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